domingo, 14 de junho de 2015

A TEORIA DAS CORES DE GOETHE



Por: Leonardo Carneiro de Araújo

O interesse de Johann Wolfgang von Goethe pelas cores foi instigado pela natureza ótica do fenômeno e pela tradição colorística das pinturas da Renascença com as quais teve contato em sua primeira viagem à Itália entre os anos de 1786 e 1788. A Teoria das Cores (Zur Farbenlehre) de Goethe foi originalmente publicada em 1810. Com seu tratado sobre as cores de 1400 páginas, Goethe reformulou a teoria das cores de uma maneira inteiramente nova, sendo o primeiro a ousar confrontar as ideias de Newton sobre luz e cor. Newton via as cores como um fenômeno puramente físico, envolvendo a luz que atinge objetos e penetra nossos olhos. Goethe concebeu a ideia de que as sensações de cores que surgem em nossa mente são também moldadas pela nossa percepção – pelos mecanismos da visão e pela maneira como nosso cérebro processa tais informações. O trabalho de Goethe continuou a fascinar cientistas por muitos anos, dentre eles podemos destacar grandes nomes como Hermann von Helmholtz, Werner Heisenberg, Walter Heitler e Carl Friedrich von Weizsäcker. Recentemente, o teórico do Caos, Mitchell Feigenbaum, consultando o trabalho de Goethe, surpreendeu-se ao descobrir que “Goethe já tinha realizado um extraordinário conjunto de experimentos investigando as cores” e estava correto em suas observações. Para sustentar a sua visão na qual as principais característica das cores são a simetria e a complementaridade, Goethe propôs modificar o círculo de Newton que possuía sete cores sustentadas sob ângulos desiguais. Cria um círculo simétrico, onde as cores complementares localizam-se em posições diametralmente opostas no círculo. Epígrafe utilizada na introdução da Teoria das Cores de Goethe. “Se nossas coisas são verdadeiras ou falsas, assim serão, ainda que a defendamos por toda a vida. Após nossa morte, as crianças, que agora brincam, serão nossos juízes.” Para Newton, apenas as cores do espectro poderiam ser consideradas como fundamentais. Goethe, baseando-se em seus experimentos, conclui que cores, como o magenta, uma cor não espectral, possuem um importante papel para completar o círculo das cores, o que é sustentado até nos sistemas de cores mais modernos. Artistas que lidavam com cores sentiram-se mais atraídos pela proposta de Goethe do que pela de Newton. Um pintor fortemente influenciado pelas ideias de Goethe foi J. M. W. Turner (1775-1851), cuja pintura “Luz e Cor (Teoria de Goethe)” é exposta no ‘Tate Britain’ em Londres.

 

Light and Colour (Goethe’s Theory) 1843
Joseph Mallord William Turner 1775–1851
787 x 787 mm
 





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