A tinta a óleo é a técnica de cavalete mais importante, popular e mais estudada. Desenvolveu-se por mais de seis séculos na Europa.
Foi consequência das modificações na elaboração da tinta têmpera e surgiu por ETAPAS.
A mais antiga das pinturas a óleo conhecida foi elaborada na Noruega no século XII. Ela é anterior aos irmãos Hubert (1366-1426) e Jan Van Eyck (1390-1441). Muitos pensam que Jan Van Eyck inventou essa tinta, mas na verdade o que ele criou foi uma tinta com óleo de secagem mais rápida. É provável que ele e outros pintores holandeses do século XV tinham azeites com boas propriedades secantes. Também a terebentina já era um diluente.
Autor: ,Jan van Eyck, 1434, óleo sobre tábua, 82 cm × 60 cm, National Gallery, Londres
O uso do óleo como aglutinante foi inicialmente mais difundido no norte da Europa que no sul. No século XV começou a transição gradual da têmpera para a tinta óleo. Muitos artistas usavam as duas técnicas em seus quadros, começavam com a têmpera e terminavam com a óleo.
Em 1475, Antonello da Messina levou o óleo para Veneza, e o pintor Giovanni Bellini alcançou todas as suas possibilidades e especificidades técnicas. Em Veneza, a técnica foi muito bem aceita e assim difundida pela Itália e pelo resto da Europa. A partir daí a riqueza das cores, o brilho e a estética renascentista se desenvolveram de maneira triunfante.
Giovanni Bellini, têmpera e óleo sobre madeira, 1501, 61.60 X 45.10 cm
Durante o século XVII, a prática de pintar quadros inteiramente com óleos aumentou e virou uma atividade rotineira. No mesmo século, houve um incremento da oferta na produção de tintas por profissionais, e até o século XVIII era possível comprar linhos preparados para pinturas e tintas a óleo guardadas em bolsas de couro. Também inventaram os pigmentos sintéticos, aumentando a paleta de cores. Em 1704, surgiu o azul da Prússia que substituiu o azurita e o azul ultramarino, que eram bem mais caros. Em 1750 surgiu o amarelo de Nápoles que substituiu a purpurina amarela. Em 1802 surgiu o azul de cobalto. Em 1828 o azul ultra marino foi produzido sinteticamente, ficando mais barato. No século XIX, as tintas passaram a ser comercializadas em tubos de estanho. Com isso, os artistas não precisavam perder tempo fabricando suas tintas.
Composição:
Pigmento + óleos vegetais (linhaça, papoula, nozes, soja, girassol, cânhamo, açafrão, tabaco, algodão e etc);
Solvente: terebentina, água rás e querosene (algumas pessoas não indicam);
Para secagem mais rápida: secante de cobalto;
Para maior fluidez (deixar a tinta mais rala) deve usar a terebentina e/ou óleo de linhaça;
Para maior fluidez (deixar a tinta mais rala) deve usar a terebentina e/ou óleo de linhaça;
Suporte: linho, madeira e algodão (com fundo de gesso, polímero acrílico ou gola e gelatina);
Os pigmentos mais adequados são: branco de titânio, branco de zinco, azul de ultramar, azul cobalto, azul cérulo, verde cobalto, terras verdes, verde oxido de cromo, amarelo de cádmio, amarelo ocre, terras de siena, amarelo de Nápoles, amarelo de marte, amarelo cobalto, amarelo hansa, vermelho ocre, vermelho indiano, vermelho de cádmio, vermelho de marte, preto marfim, preto mineral, preto de carvão vegetal, violeta de cobalto, violeta de manganês, violeta de marte, marrom de marte, siena queimada e sombra natural. Claro que podemos usar terra e outros tipos de pigmentos para produzir nossas próprias tintas.
O óleo de linhaça é o mais usado e é encontrado em papelarias e em casas de materiais de arte. É bem fácil de ser encontrado. Ele é extraído das sementes maduras da planta do linho. O óleo extraído pela prensagem a frio é de melhor qualidade para as tintas ao contrário do que é extraído pela prensagem a quente, realizada com a ajuda de vapor, que é o processo mais comum. O aquecimento do óleo de linhaça a temperaturas entre 272°C e 302°C, o tansforma em óleo polimerizado, alterando suas propriedades físicas mecânicas. O resultado é um óleo mais viscoso e parecido com mel.
Sementes de linhaça
Características:
Flexibilidade e elasticidade;
Liberdade de efeitos;
Pouca alteração das cores após a secagem;
Brilho;
Secagem lenta;
Grande variedade de tintas;
Receita:
Aquecer o óleo de linhaça e acrescentar 1% do volume de cera de abelha derretida. Sobre um azulejo ou vidro, coloque o pigmento e acrescente o óleo aos poucos e ir amassando e misturando com uma espátula ou pilão de vidro ou cerâmica.
O processo de misturar é importante para uma boa tinta, quanto mais misturada e amassada, melhor é a tinta.
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Óleo de linhaça da Acrilex
Óleo de papoula: não é tão antigo quanto o de linhaça e não teve a mesma popularidade entre os artistas. É mais claro que o de linhaça e tem tendência a amarelar menos. O tempo de secagem é mais lento e forma uma película mais fraca e tende a rachar. Pode ser misturado ao óleo de linhaça e ao de nozes.
Sementes de papoula
Óleo de papoula
Outros óleos
Óleo de nozes: inferior ao de linhaça e superior ao de papoula. Seca quase tão rápido quanto o de linhaça, mas ele é mais caro. Com o tempo se torna rançoso e com odor forte. Pode ser misturado ao óleo de linhaça e ao de papoula.
Óleo de soja: é bem inferior ao de linhaça e precisa de agentes secantes. É comumente usado na indústria como substituto do óleo de linhaça. É utilizado como ingredientes de vernizes e esmaltes. Não amarela com o tempo.
Óleo de girassol: Possui propriedades equivalentes ao óleo de papoula, porém inferior a este. Na Europa, ele muitas vezes substitui o óleo de linhaça.
Óleo de cânhamo: Possui propriedades equivalentes ao óleo de papoula, porém inferior a este. As propriedades secativas deste óleo já eram conhecidas na Antiguidade e também é muito usado na Europa como substituto do óleo de linhaça.
Óleo de algodão: não é recomendado, pois seu uso reduz a durabilidade da tinta.
Olá Marcio,
ResponderExcluirMuito boa sua apresentação e conhecimento exemplar sobre os óleos vegetais e usos para a pintura, óleos também são minha especialidade mas em geral em alimentação e suplementação para a saúde.
Antes eu produzia todos os óleos mencionados acima a frio, protegidos de contato com a luz e oxigênio para evitar o rápido início de oxidação especialmente nos óleos de linhaça e canhamo problema êste caracteristico dos super frágeis ácidos graxos Alfa Linolênicos popularmente conhecidos como Ômega 3, sendo o girassol e papoula Ômegas 6, Ácidos Linoléicos, também o Gergelim.
Agora importo pequenas extratoras de óleo caseiras assim cada um pode extrair seus óleos rapidamente tanto para alimentação como para usos diversos. Pequenas quantidades são extraídas em segundos, para meio litro leva 20 minutos no caso de Linhaça, Gergelim, Girassol e Canhamo, nozes leva o dobro do tempo as vezes mais dependendo da qualidade e porcentagem de óleo contida .
O uso de máquina ´´e muito simples, somente ligar a maquina,colocar as sementes no receptor e mais nada, alem disso a torta seca restante da extração é pura proteína e muito saborosa, rica em fibras, ótimo alimento para humanos e para os cães e gatos domésticos.
A máquina é bem pequena e fácil acomodar em qualquer canto da cozinha, toda em aço de durabilidade e eficiência infinita. O custo da Linhaça está em torno de 6 reais o kilo na zona do Mercado, (Rua Santa Rosa), 1 kilo produz facilmente quase 1/2 litro de óleo.O Girassol e gergelim custam 13 reais o kilo e também produzem quase 1/2 litro de óleo fresco a frio.
Bom trabalho,
Ivan